O @guardentes

 

Em torno deste capítulo de pequena história que é, podemos considerar a existência vários factores externos que compõem este precioso ramalhete de flores exóticas. Não é sobre flora que vos quero falar. Nem tão pouco de flores... São sobretudos pessoas. Passemos pois à essência do substrato que esta história está prestes a destilar...

São quase cinco horas da tarde e os preparativos para a primeira fornada começam a grande velocidade. O @guardentes lá chama os colaboradores, nos quais eu me incluo, e o Toino Toca-Pente é recrutado do seu quartel habitual, leia-se, tasca da Brigite Bardot, e lá se atira para o fundo da talha já com as galochas enfiadas e  hálito  a condizer com o exalado pelo mosto da talha. Uma perfeita harmonia, portanto. Esvaziadas as talhas é tempo de as levar para o destilador situado ao lado da praça de toiros ,onde às vezes uns pegam os outros, e próximo do largo onde o Perdigão, benemérito local, foi para ali plantado. A chaminé começa a fumegar e entretanto vai-se preparando a bucha que irá entreter o estômago de tão grande espera. Contam-se histórias de uma certa fauna suburbana que saiu de lá a gatinhar qual felino domestico. O mosto começa a aquecer. E outras histórias de um tal pinhal numa certa noite. Oito homens uma mulher. Uns mais novos, outros já de certa idade. As performances de uns e as impotências de outros...

A serpentina aguarda pacientemente a passagem dos vapores de aguardente, para os transformar em líquido transparente. A essência de um processo secular de fermentação alcoólica. Ali ao lado a lareira teima em não se apagar, alimentada pelos restos do telhado em obras da velha adega. O @guardentes espera pacientemente pelos primeiros respingos do bocal da serpentina. "Já lá vai uma hora... não tarda tá cá fora". E assim foi. Pouco depois o alambique de tanto calor que levou por baixo, lá resolveu exalar um bafo de álcool que se veio pelo tubo abaixo, correndo abundantemente e deixando um odor alcoólico indelével na sala. A agitação era muita. O grau era bom. E o lume refreado diminuía o ímpeto do alambique. Os três nós lá estavam a correr quase perfeitos. Medidor para cá, medidor para lá, prova agora, prova depois e o bem-dito do alambique lá corria com a generosidade desejada e com a qualidade pretendida. Depois havia as fracas, lá mais para o final.

 

 

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